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Marketing digital e o Jeito Startup de fazer as coisas - Entrevista com Maike Robert

8 minutos de leitura

Empreender é uma tarefa difícil. Eu e mais 49,3 milhões de brasileiros empreendedores sabemos disso.

Encontrar um segmento, desenvolver o produto ou serviço, saber qual o tipo de empresa abrir ou até mesmo se precisa ou não de um sócio, são esforços necessários onde é preciso ter resiliência para chegar ao sucesso.

Sabendo de tudo isso, nada melhor do que se espelhar em casos que deram certo, não é mesmo?

Por isso, fizemos uma entrevista com Maike Robert, cofundador do AppTicket, plataforma de venda de ingressos e inscrições online para eventos, que hoje viaja pelo Brasil e outros países dando palestras sobre o “Jeito Startup” de fazer as coisas e criar soluções inovadoras. Confira!

1. Maike, fale um pouco sobre como surgiu o AppTicket, a história, desafios e resultados que atingiu

Maike Robert e o Jeito Startup de fazer as coisas
Maike Robert, do AppTicket

O AppTicket foi criado em 2012 e a ideia de criá-lo na verdade surgiu de uma necessidade.

Na época, eu era sócio de uma agência especializada em mídias sociais, e um dos nossos clientes nos informou que faria um evento musical e precisava vender os ingressos online e divulgar o evento em suas redes sociais. Fomos então procurar as opções existentes no mercado, mas constatamos que as soluções oferecidas naquela época só eram viáveis para grandes organizadores de eventos e eles acabavam deixando de lado os pequenos e médios organizadores.

Além disso, as soluções oferecidas não usavam toda a potencialidade e o alcance das redes sociais de forma eficiente. Então, resolvemos desenvolver nosso próprio sistema, algo que fosse simples, seguro e intuitivo para quem quisesse ir ao evento, e ao mesmo tempo robusto e com baixo custo para o produtor do evento. Assim surgiu o AppTicket.

O AppTicket é uma plataforma self-service de venda de ingressos e inscrições pela internet para eventos de todos os tipos, desde shows, corridas, palestras, até festas, cursos e demais tipos de encontros. Falamos "self-service", pois é realmente bem simples de usar. Se você tem um evento e quer divulgá-lo na internet de graça, basta acessar o site e preencher os dados do seu evento, que não leva mais que 3 minutos, e você já terá uma página exclusiva para ele.

Hoje já estamos presentes em todos os estados brasileiros, já são mais de 5 mil produtores de eventos usando a AppTicket para divulgar e vender ingressos e inscrições para os seus eventos. E já emitimos durante estes anos mais de 1 milhão de ingressos.

2. A internet teve uma função essencial para o surgimento do app e o crescimento dele. Como você vê essa relação das startups com o marketing digital?

Primeiro, eu acredito realmente que a evolução da internet no nosso país ajudou para que o AppTicket crescesse. Hoje, para se ter uma ideia, mais da metade dos organizadores de eventos que existem por todo o Brasil, ainda não usam nenhuma maneira digital de vender ingressos ou inscrições pela internet, ou uma forma que possa viabilizar isso, como um sistema ou algo assim.

Muitas pessoas ainda fazem inscrições, controlam o fluxo e clientes através de depósitos em contas bancárias ou no papel mesmo. É um mercado que ainda tem muito potencial.
E obviamente que as pessoas começando a usar mais os celulares para acessar a internet tem contribuído bastante pro nosso crescimento.

Em relação ao marketing digital especificamente, boa parte do nosso crescimento e de quase todas as startups sem dúvida se deve a ele. É quase obrigatório para a sua estratégia de comunicação e divulgação. Fora que ele torna tudo mais mensurável para as startups e empresas como um todo.
Eu sou formado em publicidade e quando vamos fazíamos qualquer divulgação no mundo offline o grande problema sempre foi a mensuração.

O marketing digital sem dúvidas é uma maneira de você, além de conseguir divulgar com um controle maior sobre aquilo que está fazendo, saber exatamente onde teve retorno do que investiu.
Isso para alguém de planejamento é um dos itens mais importantes. É horrível quando a gente faz um anúncio offline e não tem controle nenhum se aquela ação teve algum retorno, sucesso ou não.

Já com o marketing digital, a gente consegue ter um retorno muito maior, se o trabalho for bem feito, e uma mensuração muito mais assertiva. Ajuda bastante a tomar decisões, montar estratégias e direcionar nossas ações. Sem dúvida, foi essencial para o nosso crescimento.

3. O marketing digital, hoje em dia, é importante para todos os tipos de setores e negócios. Antes, uma maneira de se destacar, agora uma ferramenta de trabalho. Você concorda?

O Marketing digital não é só importante para empresas do meio digital, é importante para qualquer empresa que atenda pessoas. Estamos falando de quase todas as empresas que existem hoje.

Seu público está na internet de alguma maneira, seja para consultar o banco, consumir conteúdo, se divertir, trabalhar... Usar o marketing digital para chegar até o seu público é uma estratégia que precisa ser considerada em qualquer tipo de empresa, seja uma loja física ou virtual.

Eu fui sócio de uma casa noturna por alguns anos e lá nós usávamos o marketing digital principalmente na parte de geolocalização, para alcançar pessoas que estavam saindo pra ir pra noite e direcioná-las para o nosso local.

Isso era totalmente mensurável! A partir do momento que a pessoa clicava pra poder ver qual era a rota, ou algum cupom de desconto, a gente conseguia mensurar quantas pessoas nós estávamos conseguindo levar até o nosso estabelecimento. A gente conseguia associar as pessoas que vinham dos anúncios, quanto elas consumiram e depois saber qual era o nosso custo e faturamento em cima de cada ação que tínhamos feito.

Eu costumo dizer que o marketing digital, na verdade, é um tema muito genérico.

Se não for bem feito, de maneira estratégica e focado na empresa, pode se tornar um outro tipo de anúncio padrão. Para uma empresa talvez dê um resultado muito bom, pra outra não. Precisa ser pensado, independente do modelo de negócios.

4. “Não tente reinventar a roda” é um dos grandes ensinamentos quando se trata de empreender. Para uma empresa crescer rapidamente, acha que esse é um dos preceitos?

Sim, inclusive falo sobre isso na minha palestra “O Jeito Startup de fazer as coisas”, pois esse é sem dúvidas um dos jeitos.

Quando empreendemos, precisamos validar a nossa ideia, testar o nosso negócio, ver se realmente funciona para as pessoas que estão interessadas, e, claro, evitar ao máximo gastar mais dinheiro e tempo. Então, não tentar reinventar a roda é uma dica que vale para todo mundo.

Por isso, em termos de meio digital, quanto mais você puder utilizar ferramentas e serviços que possam te ajudar nesse caminho, vai fazer com que você acelere muito. Eu não acredito muito em estratégias prontas, sempre acho que quando se trata desse assunto, é necessário pensar caso a caso, mas por outro lado acredito que processos são possíveis de ser escaláveis e automatizados.

5.Se você pudesse dar uma dica para todo mundo que está tentando empreender na internet, qual seria?

Minha primeira dica é que eu acredito que não se empreende “na internet”, acho que qualquer tipo de negócio independe do formato final.

Digo isso porque é muito comum surgir novas ideias e negócios em que a pessoa quer fazer, por exemplo, um aplicativo que vai fazer tal coisa. Um ponto que deve ser observado e tomar muito cuidado, é que as formas mudam e amanhã ou depois pode ser que não seja mais o celular ou desktop, pode ser que o que esteja bombando seja algo como um relógio ou óculos, pois os formatos mudam a todo momento.

Foque na solução que você está entregando para que ela dure para aquele problema específico para o seu consumidor/cliente. Não coloque em um pedestal a sua ideia ou projeto, sempre lembre que você está fazendo aquilo por alguém. E aí o que importa é o que você está resolvendo.

Nas minhas palestras eu falo que as pessoas não querem uma furadeira, elas querem pendurar o quadro delas em uma parede. Então uma fita forte resolveria o problema. Portanto, entenda o problema real do seu consumidor e a solução que você está entregando e não na forma que você está entregando.

A minha outra dica é você ser datadriven. Seja focado em números!

Não existe bonito ou feio, o que importa é o que dá resultados. Então sempre olhe para os números e, se possível, tenha uma equipe ou agência que possa te ajudar nesse caminho e você será mais assertivo nas ações que fizer

6. Atualmente, você tem um projeto chamado Jeito Startup, poderia falar um pouco sobre ele?

Maike Robert e o Jeito Startup de fazer as coisas
Palestra "Jeito Startup de fazer as coisas"

Você já reparou como as startups estão impactando o dia a dia de todas as pessoas?

Seja na maneira de se locomover (Uber), na maneira como comercializam coisas (OLX, Mercado Livre), como pedem suas refeições (iFood), como ganham dinheiro e se hospedam (AirBnb), como marcam uma consulta médica (Dr. Consulta), como abrem contas em bancos apenas usando um aplicativo (Nubank), dentre tantas outras mudanças.

Todo este impacto e novos negócios estão surgindo mesmo em um cenário econômico desfavorável. Então, o que essas startups estão fazendo para driblar as dificuldades e, além de conquistar fatias de mercados existentes, criar novas demandas e mudar a maneira como vivemos?

Essa é uma questão que surgiu não só nas nossas mentes, como também acendeu um alerta de preocupação nas grandes corporações. Ou elas começam a se envolver com estas startups e comunidades, ou estão fadadas ao fracasso, como é o caso da Blockbuster perante à Netflix, dentre tantas outras empresas gigantes que se sentiam intocadas e acabaram perdendo mercado para empresas aparentemente insignificantes.

Essa aproximação das grandes corporações e startups, é chamada de Inovação Aberta, e dela podem surgir novos negócios, novas parcerias ou até novas aquisições. Mas de fato, o que se vê é que sempre surgem novos aprendizados enriquecedores para ambos os lados.

Se olhar de perto as startups, seus processos e metodologias, é enriquecedor para grandes corporações, por que não seria para os pequenos e médios empresários? E, se esse é o futuro, por que não seria enriquecedor também para os estudantes e quem sabe até para a nossa vida?

Pensando nisso, criamos um movimento chamado “Jeito Startup”, onde a ideia é conhecer a fundo as startups, conversando com milhares delas e extraindo aprendizados que podem ser levados para outros setores. Somos apaixonados pelo empreendedorismo e acreditamos fortemente no potencial das pessoas de se reinventar e criar soluções para melhorar suas vidas. Por isso, o objetivo deste movimento é inspirar e dar insumo a todas as pessoas que acreditam que é possível fazer diferente.

Em nossos conteúdos e palestras, apresentamos tudo o que já aprendemos até agora e que você pode usar em seu dia a dia, seja em sua empresa, no seu trabalho e até na sua vida.

Saiba mais sobre as palestras e conteúdos do projeto no site jeitostartup.com.br ou nas redes sociais. E não deixe de comentar o que achou sobre esse conteúdo e assinar a nossa newsletter!

Até mais!

Ingrid Garcez
Jornalista formada pela Universidade de Taubaté (UNITAU), fanática por esportes e apaixonada por Marketing Digital. Atualmente, compõe o time de Marketing Institucional da 8D Hubify.
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